O abuso emocional pode acontecer nas mais diversas relações entre casais e familiares, mas nem sempre é percebido ou a pessoa consegue sair desse ambiente nocivo. Sendo assim, vejo a importância de abordar esse tema e mostrar como superar traumas de relacionamentos abusivos.
Conteúdos
As agressões sofridas por quem vive uma relação tóxica não precisam ser necessariamente físicas. Elas são constantes e, na maioria das vezes, começam sendo morais e psicológicas. Por isso, é fundamental identificar o problema o quanto antes para sair dele.
Muitas pessoas que cresceram em um convívio familiar conturbado confundem excesso de controle com cuidado. Isso faz com que elas não reconheçam quando estão em uma relação abusiva ou não identifiquem o seu próprio comportamento abusador.
Neste texto, mostrarei quais os efeitos dessa relação, os principais sinais e como superar traumas de relacionamentos abusivos. Confira!
O que é abuso emocional?
Uma relação se torna abusiva quando predomina o excesso de poder sobre o outro. O abusador sente a necessidade de controlar a outra pessoa em tudo, como a sua forma de se vestir, os seus gostos e as suas atitudes. É algo que começa de forma sutil e gradual, ou seja, nem sempre é percebido rapidamente ou visto como um comportamento nocivo. Quando o indivíduo se dá conta, já está preso e sofrendo com aquela situação.
As vítimas geralmente sentem medo de pedir ajuda ou denunciar, e não sabem como sair daquela relação. É mais do que querer: há a dificuldade afetiva, burocrática e dependência financeira, por exemplo — não só de casais, mais de relação entre pais e filhos.
O abuso nem sempre é intencional ou consciente, sendo ocasionado por desequilíbrio emocional e de sensação de poder. Com isso, todos os lados sofrem consequências e devem procurar por ajuda.
Quais são os efeitos que ele pode causar?
O relacionamento abusivo abrange vários sentimentos negativos, como ansiedade, estresse, culpa, medo, baixa autoestima e isolamento, entre outros. Uma criança ou adolescente que sofre abuso emocional, por exemplo, pode desenvolver um comportamento antissocial, inseguro e depressivo.
Caso a situação não seja tratada como deve, a pessoa se tornará vulnerável a ambientes tóxicos, e terá dificuldades para se impor e tomar decisões sobre o seu futuro. Ela também pode ter problemas com o uso de substâncias químicas, além de doenças físicas e psicológicas.
Veja, a seguir, mais alguns efeitos negativos que a relação abusiva provoca.
Sentimentos negativos
O convívio com constantes abusos, críticas, cobranças e humilhações causa sentimentos de vergonha e culpa, além de pensamentos negativos — que resultam em afastamento dos amigos e demais familiares — e falta de amor-próprio.
A vítima se sente menosprezada e deprimida, com a sensação de que faz tudo errado, não consegue manter a paz na relação e ninguém mais vai amá-la. Há também questões de medo por conta de ameaças sofridas.
Baixa autoestima
Outro fator bem comum e preocupante provocado por uma relação abusiva é a baixa autoestima. O indivíduo passa a se ver menor que o outro, menos merecedor, menos atraente e sem vontade de mudar. O jeito de enxergar as demais pessoas também muda, com sentimentos de desconfiança e medo de desenvolver relações interpessoais.
Ataques ao sistema nervoso
Quem sofre abuso emocional também pode desenvolver problemas como ansiedade e depressão, sem falar do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), que costuma atingir indivíduos que experimentaram ou testemunharam algum evento traumático, abusos emocionais e psicológicos. Os sintomas atrapalham a qualidade de vida da vítima e provocam raiva, medo, pensamentos negativos, flashbacks do trauma, pesadelos e insônia.
Quais são os sinais dos relacionamentos abusivos?
Se a sua privacidade é invadida e a outra pessoa tenta mudar e controlar você para se enquadrar no perfil ideal, além de haver gritos, xingamentos e punições, saiba que está em um relacionamento abusivo. Atente-se a possíveis ameaças, por mais sutis que possam parecer.
Você já ouviu frases como “você é louca”, “por isso ninguém quer você”, “deixa de drama”, “você não consegue fazer nada direito” ou “eu sou a única pessoa que aguenta você”? Essas são atitudes para tentar desestabilizar e ferir o seu psicológico, fazendo com que pense da maneira como lhe julgam.
Para evitar que a situação piore, veja as minhas dicas para identificar os sinais mais comuns.
Excesso de controle
O abuso emocional é construído em cima de abuso de poder e autoridade, portanto, fique atento a fatores como sentimento de posse, comportamento violento e excesso de ciúmes, a ponto de brigar constantemente ou quebrar coisas dentro de casa. Outro aspecto é a tentativa de controlar as suas ações, o local onde você vai, a sua aparência e com quem fala. Se há desconfiança e monitoramento em tudo o que faz, esse relacionamento não é saudável.
Constrangimento em público
O perfil abusador procura colocar o outro em situações desconfortáveis e constrangedoras para fazer com que o abusado se sinta dependente dele e inferior. Normalmente, nesses casos, ele vai fazer piadas desnecessárias sobre você na frente dos amigos e de outras pessoas que querem o seu bem, ou brigar tentando resolver problemas em público, em meio a gritos.
Tentativa de mudar a essência da pessoa
Um bom relacionamento tem diálogo e críticas construtivas, mas não pode haver imposições de mudança de comportamento, de acordo com o “certo” do outro. Insinuações para você emagrecer, deixar de frequentar certos lugares que você ama ir com os amigos ou colocar roupas mais “comportadas” são ditas como maneiras de você ficar “mais atraente”.
É importante entender até que ponto isso impacta na sua essência, em quem você realmente é. Não mude os seus valores e a sua identidade para se enquadrar na pessoa perfeita. Pergunte-se o que o outro tem feito por você. É essencial haver cumplicidade, caso contrário, não haverá concordância.
Como superar traumas de relacionamentos abusivos?
Para superar os abusos sofridos, busque anular o que o outro diz, pois você não é essa pessoa. Procure ajuda dos amigos e de outros familiares, se for o caso, além do apoio de profissionais. É primordial trabalhar a sua inteligência emocional para lidar com essa situação e superar o problema, visando uma nova vida.
A seguir, veja algumas dicas que podem lhe ajudar!
Traga a sua identidade verdadeira à tona
Os sinais de uma relação tóxica, muitas vezes, são mascarados facilmente com atitudes do dia a dia. Contudo, com as dicas que apresentei neste artigo, é possível analisar o comportamento nocivo do agressor. O mais certo a se fazer é sair desse relacionamento para não comprometer a sua saúde física e mental. Também é importante não confundir sentimentos ou se deixar enganar por carência ou dependência. Tenha uma boa relação consigo mesmo.
Estabeleça limites saudáveis
Você deve ser a única pessoa responsável pelo seu sucesso e a saber o que é melhor e mais importante para a sua vida. Descubra os motivos das felicidades, tristezas e incertezas, e imponha limites nos relacionamentos com outras pessoas. É importante não viver em função de outra pessoa e entender quando é necessário haver mudanças. É preciso de diálogo e compreensão entre as partes.
Lide com a vergonha e culpa
É normal ter receio em falar com outras pessoas sobre o assunto após passar por um relacionamento abusivo, talvez por sentir medo do que os outros vão pensar ou se julgarão você pelo acontecido. Saiba que você não tem culpa e esse processo de contar as experiências vivenciadas é muito importante para lidar com elas. Procure tratar o trauma vivido como aprendizado para não cair mais em armadilhas, e transforme-o em pensamentos positivos.
Gerencie a autocrítica
Como eu já mencionei, relacionamentos abusivos podem gerar crises de identidade, baixa autoestima e mudanças de comportamento. Por isso, é preciso resgatar a sua essência. A autocrítica é um fator importante nesse processo. Mensure as suas reais qualidades e defeitos, erros e acertos, e, então, procure por mudanças e aperfeiçoamento pessoal.
O abuso emocional pode trazer muitas consequências para a vida de uma pessoa, como o TEPT, que gera problemas graves. Por isso, é muito importante saber identificar os sinais do abusador, entender como superar traumas de relacionamentos abusivos e seguir a vida em novos caminhos.
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